domingo, 10 de agosto de 2008

"O único palhaço que me fez rir.."


Ele se foi... agora, tudo são restos.
Ele se foi; e com ele, a alegria do mundo que me sustentava; uma fúria que me arrasta... me alimenta e me destrói.
Com ele, um susto que parece que não vai embora, como uma mensagem que se repete.
Uma vida grata, alegre, doce; minha voz e olhar confiantes, garantindo meus caminhos;
Com ele, o palhaço que me fez rir a vida inteira. Hoje tem marmelada? Tem, sim senhor! Hoje tem goiabada? Tem, sim senhor...Como vai, como vai, como vai? Tudo bem, tudo bem, tudo bem, bem, bem!!!
Meu pai se foi; e com ele, a paixão pelo futebol; pela arte; pela música. Ele tocava violão; ele fazia a melodia...
Ele se foi. E com ele, as invenções de quem produzia mais que o tempo da vida lhe dava. A vida parecia correr para dar conta de toda a sua força de criação.
Ele se foi. E com ele, as bordas do meu mundo; os traços que me desenhavam sem eu saber;
Ele se foi; e com ele, um coração de tanta bondade; um carinho por todo o mundo; o sempre sorriso; a boa vontade de fazer as coisas; sua disposição para tudo; o andar apressado dos dias da juventude... e o andar lento e difícil dos últimos anos...

Ele se foi; e com ele, uma parte de mim que ainda não sei qual é; mas, sem dúvida, uma ausência impreenchível. A estrada agora parece longa. Ninguém entenderá o que eu sinto agora; sou levada pelo movimento que sua falta faz... Havia muita paz no seu carinho.

Sua doçura me faz muita falta.

Me sinto como num ringue, levando uma surra, mas sem ter as cordas para me fazer voltar.
É um sentimento que não tem ressonância. Eu chamo, mas vc não está.
O silencio se faz; a lembrança vem pronta; eu não posso voltar e não quero falar. Chegou o teu dia e meu peito ainda chora por vc, que foi sinônimo de alegria.
Na música, eu lembro de você; tua memória está em cada poesia;
Agradeço a Deus pelos teus dias, mas não consigo esconder a falta que você faz...