sábado, 22 de setembro de 2007

Amor eterno


A vida me pregou mais uma peça. Desta, porém, nunca gostaria de ter sido espectadora. Entretanto, já que faço parte deste roteiro, faço do seu último ato a minha primeira e singela homenagem a você, meu querido PAI: gostaria de ter podido contar com apenas alguns minutos a mais para ter-lhe dito todas as palavras de amor que faltaram; mais do que as tantas que já tinha lhe pronunciado e menos do que aquelas você sempre merecerá ouvir. Há algum tempo, li que as pessoas que passam por nós vêm sozinhas, mas nunca vão sozinhas; sempre deixam um pouco de si e levam um pouco de nós. Vc deixou, meu pai, toda a sua alegria, coragem, simplicidade; e peculiarmente, o bom-humor, mesmo nos seus momentos mais difíceis, de dor lancinante e limitação física. Por isso, procurarei sempre me lembrar do seu humor; e sempre terei "vergonha" de pensar em desistir de tudo, quando a vida me transmitir tristeza suficiente para tanto. Nestas horas, pensarei em você, no choro que você nunca gostou de ver, na força que você sempre buscou, quando pensávamos que tudo estava perdido. Vou me lembrar de todas as nossas brincadeiras, palhaçadas, que só faziam sentido pra nós - e me lembrarei, também, que parte dessa minha "força" virá de você, que agora, tenho certeza, está proporcionando alegria a outras pessoas, tão iluminadas e evoluídas quanto você.

P.S. Um pequeno pássaro insiste em sobrevoar os galhos da árvore defronte à minha janela. Parece ser você, me dando um alento e querendo dizer: "agora estou livre". Mesmo se não for, vou pensar que sim para minimizar a minha dor.

Pai: amo você; me abençõe e fique bem aí, tá?

Que cerrem-se as cortinas... e que se apague a luz....

Um comentário:

Anônimo disse...

Amore, pelo pouco que conheci seu pai, percebi, senti e vi que ele era uma pessoa magnífica e encantadora. Sempre sorridente, sempre feliz, mesmo com dor. Uma lição pra gente que reclama tanto da vida...
Mas, como bem disse seu irmão na despedida: só vão aqueles que são bons demais pra ficar aqui com a gente nessa penúria, né? Se isso consola... bem, sei não. Mas melhor pensar que sim.
Entretanto, querida amiga, creio que as cortinas não se fecharam e nem se fecharão e que as luzes continuarão acesas. Afinal as pessoas são mais do esses pedaços de carne cobertos de panos com quem lidamos diariamente. Acima da matéria, tem o espírito que permanece e estará sempre entre nós; no caso do seu pai, sempre com você.
E se Sr. G. era uma figurinha feliz, cheia de "lepo-lepo", melhor que você sorria, amiga, e curta a vida de maneira profunda e feliz. Porque assim, tenho certeza, ele vai ficar muito mais orgulhoso de você, onde quer que esteja.
Te amo viu?! E tô aki pra qualquer coisa.
Bjs!